sexta-feira, 5 de setembro de 2008

CONHECIMENTO ACUMULADO - RESUMO

Ao longo da história, o ensino de artes no Brasil teve muitos enfoques e diferentes denominações, a saber:

1 – Ates e ofícios (séc.XVI ao XVIII)

Esse período corresponde à fase de colonização no Brasil em que predominava o sistema latifundiário de exploração. A influência dos jesuítas a partir de 1549 é dominante, e o processo de educação consistia, principalmente, em uma formação religiosa. O ensino da arte pelos jesuítas se dava por meio de processos informais e limitava-se a técnicas artísticas.
Nessa época, concebia-se a infância a partir de três protótipos: - a infância nobre ou infância dourada ( formação catequética ou especial); - infância colegial ou infância de prata (o “ratio studiorum”) e a infância pobre ou indígena ( formação profissional nas artes e ofícios).
As imagens dessa época traziam mensagens de catequização e na representação da infância predominavam as figuras de anjos.

2 – Ensino do Desenho (séc.XIX)

No Brasil, o ensino das artes, durante um longo período, privilegiou a técnica e a habilidade. Com a implantação da Academia Imperial de Belas Artes e com a vinda da missão artística francesa, que trouxe grandes nomes da Europa na área de artes, havia uma divisão do ensino em Artes Mecânicas (para o povo); e Belas Artes (para a elite).
Com a abolição da escravatura, em 1888, e com a Proclamação da República, em 1889, passam a vigorar as idéias positivistas e liberais, o que alterou a concepção do ensino de arte nas escolas. Esse ensino recebeu a denominação de Ensino do Desenho, totalmente voltado para a linguagem da técnica e da ciência, com o objetivo de desenvolver o raciocínio e de preparar o povo para o trabalho.
A criança era considerada e retratada como um adulto, ou como um projeto de adulto.
Posteriormente, no período da Escola Nova (década de 30), movimento inspirado no filósofo John Dewey e trazido para o Brasil por Nereu Sampaio e Anísio Teixeira, adota-se uma nova concepção de criança. A criança não era mais considerada um adulto em miniatura, passando a ser valorizada em seu próprio contexto e a arte passa a ser compreendida como expressão e criatividade.

3 – Trabalhos Manuais ( meninas - década de 30)

Proposta de ensino de artes para mulheres, para o lar (bordados, tricô, croché, macramê, objetos de adorno para o lar, corte e costura, arte culinária e outros)
“ Formação de “senhoritas” pela conjugação entre desenho, pintura e artes aplicadas”.


4 – Artes aplicadas ( meninos – década de 30)

Articulação do desenho com as artes aplicadas para os meninos. Atividade educativa para o trabalho ( desenho geométrico, etc)

5 - Educação pela arte ( década de 50)

O grande inspirador desse movimento foi Herbert Read, filósofo idealista e romântico, com a divulgação das idéias de seu livro, “A Educação pela arte” (1982). Retoma as idéias de Platão, considerando a arte como base para a educação, como um processo de crescimento do indivíduo; o ensino passa a ser baseado nas coisas (experiências). A educação pela arte é educação para a paz.
A arte é associada à expressão, a sentimentos e é considerada passaporte para a felicidade.
Outro grande mentor desse período foi Viktor Lowenfeld, através de seu livro, “Desenvolvimento da capacidade criadora”. Concebia a arte como válvula de escape, funcionando como uma terapia, e defendia o desenvolvimento estético como inseparável do desenvolvimento criador.
As Escolinhas de arte no Brasil (EAB) tiveram também uma grande influência, nesse período, por adotarem a concepção de arte como expressão e criatividade.


6 – Artes Industriais (década de 60)

Com o início do desenvolvimento industrial no Brasil, em fins do século XIX e início do século XX, o ensino da arte é direcionado para o planejamento e execução de projetos industriais, para o ensino profissional e técnico.
Nesse contexto de industrialização, emerge a necessidade de formação de mão de obra para atuar nas fábricas, ou seja, de operários mecânicos capazes de exercer sua função.
O ensino do desenho nas escolas passa a ter um caráter profissional e prático. Recorria-se a vários recursos como visitas às indústrias, elaboração de gráficos e projetos. Nesse período, as salas de aula da disciplina assemelhavam-se a oficinas.
A denominação Artes Industriais surgiu em 1889, usado por Rui Barbosa. Defendia-se, na época, que era preciso haver arte na indústria.
A partir da Constituição de 1937, o ensino profissionalizante seria destinado às classes menos favorecidas. A educação voltou-se para o trabalho e para o desenvolvimento econômico nas décadas seguintes.



7 – Educação Artística

O professor de Educação Artística caracteriza-se pela polivalência. Os cursos universitários preparavam esses professores mediante uma formação básica para que eles pudessem ter uma atuação bastante eclética: música, teatro, artes visuais, desenho geométrico, dança, etc.
A concepção dominante (década de 70) era arte como expressão, sentimento e emoção, conseqüentemente o professor atuava como facilitador dessa auto-expressão, da livre expressão do aluno, incentivando a liberação emocional e a espontaneidade. Predominava a tendência a valorizar a atividade, o processo, e não o resultado.




8 – Arte educação

A Escolinha de a Arte no Brasil desencadeia o movimento de arte-educação.
O professor arte-educador valoriza a cognição, o conhecimento, e busca ampliar os referenciais do aluno, por acreditar que arte se aprende e se ensina, portanto não é dom, como se imaginava.
Com base nessa concepção, o arte-educador leva o aluno a desenvolver a criatividade, favorecendo experiências, acionando processos mentais, aguçando a percepção visual, e, principalmente, contextualizando a informação artística no universo do aluno.



9 – Artes Visuais

A partir da formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1997 e 1998, são feitas reflexões sobre a função da arte na educação e são propostos novos paradigmas: produzir, apreciar e contextualizar a arte. A proposta contemporânea para o ensino da arte envolve, portanto, a criação (o fazer artístico); a leitura da obra de arte e a contextualização ( Proposta Triangular).
A arte é concebida como conhecimento e não como dom.
É fundamental no ensino da arte o conhecimento e a vivência, experimentar fazer, levar o jovem a familiarizar-se com as diversas linguagens artísticas; levá-lo à fruição estética, ou seja, a aprender a apreciar, o que amplia seu horizonte cultural, aguça a sua sensibilidade, humaniza-o e, sobretudo, permite ao jovem o acesso a bens culturais aos quais tem direito como cidadão.
A arte não pode ser um patrimônio de poucos, não pode ser elitista, daí a importância do ensino da arte na escola para democratizá-la.
O ensino da arte não deve ser confundido com o ensino de técnicas, ou apenas como expressão, mas deve visar a uma compreensão histórico-cultural do fenômeno artístico. Aprender, portanto, não só a apreciar, mas a respeitar e valorizar a diversidade cultural, sabendo contextualizar.

VERA LUNA

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