sábado, 2 de agosto de 2008

Escolinha de Arte

Escolinha de arte no Brasil

Maria de Fátima Medeiros Queiróz de Paula


8 de Julho de 1948. Nasce oficialmente a Escolinha de Arte, ela não foi planejada no papel, não teve abertura com festa nem personalidades importantes na sua inauguração. Surgiu de uma experiência viva, fruto da inquietação de um grupo de artístas e professores liderados por Augusto Rodrigues. Ele e Margarete Spencer - depois outros professores - chegaram e ficaram. Surgiu ai uma nova Escola a qual oportunizava a criança a sua criação e expressão individual - um lugar onde as crianças ficavam e eram felizes.
A Escolinha funcionava no corredor da Biblioteca Castro Alves. Ali as crianças começaram a se reunir com os professores, sem horários rígidos, sem normas e regras - só uma regra era primordial não atrapalhar o trabalho dos outros.
O Material da escolinha de arte eram comprados pelos professores que pagavam para dar aulas. A escolinha foi reunindo alunos e a coisa foi crescendo.
Depoimento de Augusto Rodrigues
Quando a escolinha começou a tendência era ela se chamar Escolinha de Artes Castro Alves, pois a mesma funcionava na Biblioteca Castro Alves. A ideia era que a escolinha fosse um espaço aberto, uma nova experiência; queriam fazer a diferença. Começou pelo próprio nome que deram a essa escola; o nome veio do próprio aluno, eles começaram a dizer, amanhã irei a escolinha de arte, assim surgiu o nome. Este espaço o qual era chamado pela criança de escolinha dava ao aluno o discernimento de diferenciar a escola normal da escolinha de arte, lugar onde eram livres e felizes; onde aprendiam e viviam experiências novas com liberdade de expressão; projetavam sua criatividade sem limites ou barreiras impostas pela escola regular.
Augusto Rodrigues contrário ao sistema educacional vigente da época, que condicionava os alunos aos desenhos mimiografados, pensou em construir uma escola (espaço) onde a criança tivesse e pudesse livremente elaborar seus próprios desenhos. As crianças passaram a desenhar o que queriam e os professores apenas respondiam as perguntas e nunca repreendiam pelos seus erros ou falhas.
A escolinha de Arte, envolvia o aluno de uma maneira tal que alunos expulsos de escolas normais , os quais não se enquadravam nas normas da escolas adoravam e frequentavam a escolinha sem problemas, pelo tanto que eram envolvidos. A escolinha não funcionava com cursos obedecendo às normas habituais. Cada criança determinava por si o que naquele momento era mais interessante ou significativo para fazer, como: desenhar, pintar, modelar, ou até mesmo ler um livro. Pairava nesse espaço uma atmosfera livre e despreocupada. A escolinha apesar de não existir regulamento, quem frequentava uma vez sempre voltava. Ela estava fora de qualquer forma academicista. Aos alunos eram dada liberdade absoluta e oportunidade de desenvolver a sua própria personalidade criadora. Funcionava assim: O professor dava o material e ensinava como o aluno deveria utilizá-lo. E só. Eram dados conselhos e técnicas. Foi apartir da experiência da escolinha de arte que se passou a respeitar e a reconhecer a importância dos desenhos feitos pelas crianças.
Não era pretensão da Escolinha de Arte, formar artistas, e sim desenvolver um comportamento aberto, livre com a criança; mantendo uma relação em que a comunicação existisse através do fazer e não do que pudessem dar como tarefa ou como ensinamento, mas através do fazer e da importância deste fazer.
Desde tempos remotos especialmente na Grécia Clássica, foram valorizadas as atividades de artes, a qual levavam ao pleno desenvolvimento do ser humano. Foi constatado também por experiência que as etapas na evolução das ciências da Educação, chegando-se a afirmar que só se criando a auto-satisfação é que se atinge um nível de participação pessoal, sem este envolvimento, sem que exista significado no ensino para o aluno, acaba-se reduzindo o ensino a algo efémero e superficial. Augusto Rodrigues, pensou e criou esse espaço onde oportunizava ao aluno momentos ímpar de liberdade e criação pessoal. Aprender e fazer com satisfação, liberdade, sendo feliz.

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