quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A ESCOLA DA PONTE


(Imagem gentilmente cedida por José Pacheco)
Localizada a 30 km da cidade do Porto, na Escola da Ponte é fácil ouvir um "não". Não há salas de
aula, turmas, séries ou currículo, não existe diferença hierárquica entre professores e alunos e não há espaço para exames finais.
A instituição portuguesa baseia seu programa educacional na autonomia e na participação dos estudantes. Alunos definem áreas de interesse e desenvolvem seu itinerário de aprendizado, por meio de projetos de pesquisa individuais e em grupo. À medida que se sente preparado, cada aluno procura o professor, e juntos fazem a avaliação do trabalho realizado.Toda essa liberdade, entretanto, não é anárquica. Existem regras de convivência e de trabalho, estabelecidas por alunos e professores, e as crianças também determinam os mecanismos para lidar com aqueles que se recusam a obedecer as regras. Semanalmente, há uma assembléia da qual todos participam, na qual vale o principio de "uma cabeça, um voto".A "revolta" da Escola da Ponte teve início em 1976, passados dois anos da Revolução dos Cravos, que derrubou o regime salazarista em Portugal. Sob o comando de José Pacheco, que dirige a instituição, pais, professores e alunos começaram a construir um novo projeto pedagógico para a escola.As salas de aula foram extintas, e as atividades passaram a ocorrer em áreas abertas, partilhadas por todos. Pequena, com cerca de 200 alunos, a escola recebe crianças do primeiro e segundo ciclos do ensino básico (de 5 a 13 anos). A partir do primeiro ano, os alunos já constroem seu currículo.Professores não recebem treinamento específico para trabalhar na Escola da Ponte. Entretanto, são comuns pedidos para sair, tanto de professores como de alunos que não se adaptam.A escola tem forte articulação com a associação de pais, e o apoio da comunidade é fundamental para sua continuidade. Sendo uma instituição pública, a negociação com as autoridades centrais é permanente(...)

Instrumentos pedagógicos

José Pacheco, idealizador da Escola
Definição dos Direitos e Deveres: A cada ano os alunos decidem democraticamente na Assembleia de Escola, os Direitos e Deveres que consideram fundamentais para aquele ano.

Assembleia de Escola: Atividade que reúne todos os alunos e professores, na qual são discutidos, analisados e votadas medidas para problemas na escola, de forma democrática, solidária, respeitando as regras visando o bem comum.

Comissão de Ajuda: Formada por quatro alunos nomeados para resolver os problemas mais graves colocados na Assembleia. Dois desses alunos são escolhidos pelos membros da mesa da Assembleia Geral e outros dois pelos professores. As decisões desta Comissão se guiam pelos nos Direitos e Deveres definidos pelos alunos, os quais se comprometeram a respeitar.

Debate: Tem caráter mais informal que as Assembleias e acontece todos os dias - exceptuando-se os dias de Assembleia Geral - com duração de trinta minutos. Destina-se à discussão sobre o que se fez durante o dia de trabalho, através de jogos de perguntas e respostas. É nessa ocasião que são preparadas as Assembleia.

Biblioteca: ocupa o espaço comum, da área aberta da Escola, e serve como espaço de encontro e de pesquisa.

Caixinha dos Segredos: Local destinado ao desabafo das crianças, que ali depositam seus segredos, que muitas vezes revelam as razões da chamada indisciplina.

Caixinha dos Textos Inventados: Local sempre disponívela receber as criações textuais imaginativas dos pequenos.

Eu Já Sei: Faz parte do objetivo de desenvolver a autonomia dos alunos, partindo do proceso de auto-avaliação. A criança então escreve seu nome numa lista, informando que já considera que aprendeu e está pronta para ser avaliada por um profesor. Só então esta avaliação se processa.

Eu Preciso de Ajuda: A criança é estimulada a buscar todas as fontes possíveis de informação que estão a seu alcance, antes de pedir ajuda. Esgotando suas possibilidades, a criança pode escrever seu nome numa das listas dispostas em diversos locais da escola. Posteriormente um professor organiza pequenos grupos de estudo para esclarecer o assunto com quem tem dúvidas.
Professor Tutor: O professor tutor acompanha de perto um grupo de 8 a 11 alunos, os quais monitora o trabalho individualmente e faz reuniões sistemáticas duas vezes por semana, mantendo também um contato estreito com os encarregados de educação.

Grupos de responsabilidade: Cada aluno e a maioria dos orientadores educativos são responsáveis por algum aspecto do funcionamento da escola. Os grupos reúnem-se quinzenalmente para tomada de decisão. Algumas das responsabilidades atribuídas aos grupos são:
Assembleia e Comissão de Ajuda
Terrário Jardim
Clube dos Limpinhos
Refeitório
Arrumação e Material Comum
Clube do Silêncio e Ajuda dos Direitos e Deveres
Biblioteca
Jornal
Jogos e Vídeo
Computadores e Música
Desporto Escolar
Recreio Bom
Murais
Mapas de Presença e Datas de Aniversário
Correio da Ponte
Cabides e Guarda Chuvas

Método Global

Tecnologias de Informação e Comunicação

Associação de pais
No início de cada ano, todos os encarregados de educação (pais ou quem faz o papel de) participam do encontro de apresentação do Plano Anual. Ao longo do ano letivo, os projetos são avaliados mensalmente, com o contributo dos encarregados de educação. Em Portugal, a Associação de Pais da ESCOLA DA PONTE é uma referência a nível nacional.

Walquíria M. de Araújo

Fontes:


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