Em 1948, Herbert Read definiu a "educação através da arte" como "educação para a paz". Saíamos de uma época de guerra entre nações de todo o planeta e uma entidade fora criada - a Organização das Nações Unidas -, com o objetivo de evitar que conflitos bélicos chegassem a atingir a dimensão do que acabávamos de viver.
É interessante, então, como o caminho teórico de Read, um educador anarquista, internacionalista, e avesso às instituições de autoridade que têm o Estado como centro -, ganha uma nova leitura, hoje.[1] No livro inaugural de sua filosofia da "educação através da arte", dizia Read:
(..) Qual é o objetivo da educação? ... Na resposta a esta pergunta está implícita uma concepção libertária da democracia. O objetivo da educação pode ser apenas o de desenvolver, ao mesmo tempo que a singularidade, a consciência social ou reciprocidade do indivíduo. Como resultado das infinitas permutas da hereditariedade, o indivíduo será inevitavelmente singular, e esta singularidade, dado ser algo que mais ninguém possui, terá valor para a comunidade. Pode ser apenas uma maneira singular de falar ou de sorrir (...). Mas pode ser uma maneira singular de ver, de pensar, de inventar, de expressar o pensamento ou a emoção - e nesse caso, a individualidade de um homem pode ser de valor incalculável para toda a humanidade. Mas a singularidade não tem valor prático isoladamente. (...) [2].
Read apontava que, ao mesmo tempo que estimular a individualização, a educação deveria estimular a integração social, mas que isto deveria ser promovido sem o recurso a argumentos de autoridade, ou à repressão:
Falar de encorajamento numa direção e de repressão noutra implica um exercício do poder a partir de um centro, e isso é precisamente o falso conceito autoritário que pretendo evitar. A evolução, a gênese da história, não parte de um ponto fixo. Para descrever a natureza real da sua atividade alguns filósofos usaram a palavra "emergente" (Bergson usava "criativa" com a mesma intenção).[3]
(..) Qual é o objetivo da educação? ... Na resposta a esta pergunta está implícita uma concepção libertária da democracia. O objetivo da educação pode ser apenas o de desenvolver, ao mesmo tempo que a singularidade, a consciência social ou reciprocidade do indivíduo. Como resultado das infinitas permutas da hereditariedade, o indivíduo será inevitavelmente singular, e esta singularidade, dado ser algo que mais ninguém possui, terá valor para a comunidade. Pode ser apenas uma maneira singular de falar ou de sorrir (...). Mas pode ser uma maneira singular de ver, de pensar, de inventar, de expressar o pensamento ou a emoção - e nesse caso, a individualidade de um homem pode ser de valor incalculável para toda a humanidade. Mas a singularidade não tem valor prático isoladamente. (...) [2].
Read apontava que, ao mesmo tempo que estimular a individualização, a educação deveria estimular a integração social, mas que isto deveria ser promovido sem o recurso a argumentos de autoridade, ou à repressão:
Falar de encorajamento numa direção e de repressão noutra implica um exercício do poder a partir de um centro, e isso é precisamente o falso conceito autoritário que pretendo evitar. A evolução, a gênese da história, não parte de um ponto fixo. Para descrever a natureza real da sua atividade alguns filósofos usaram a palavra "emergente" (Bergson usava "criativa" com a mesma intenção).[3]
[1] É importante notar que Herbert Read fundou uma entidade internacional de educação através da arte - a International Society of Education through Art - que será um dos órgãos consultivos da UNESCO para a Educação.
[2] Read, H. A Educação através da Arte. Trad. de Rabaça A. M. e SilvaTeixeira, L.F.. Martins Fontes, São Paulo, 1982. 17-18.
[3] Read, 1982, op.cit., 18-19
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