sábado, 16 de agosto de 2008

Ainda sobre escola inclusiva...




No âmbito de um curso intensivo europeu em inclusão escolar e social, realizado na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança, entre 16 de Junho e 11 de Julho, numa parceria com a Faculdade de Educação da Universidade de Zaragoza (Espanha) e com o St. Patrick`s College de Dublin, e sob proposta do prestigiado professor Santiago Molina Garcia, fizemos uma visita de estudo, no dia 19 de Junho, a «O Pelouro», uma escola fundada em 1973, em Caldelas do Minho, localidade próxima de Tuy, na Galiza, em frente a Melgaço, e gozando as belezas naturais proporcionadas pelo rio Minho.
Trata-se de uma escola excepcional, não-estatal, portanto dita privada, que sobrevive tanto com fundos privados como do Governo Galego.
É ainda uma escola que, desde o início, nasceu para construir a inclusão escolar e social de crianças com necessidades educativas especiais (antes designadas por deficientes), integrando-as com crianças normais, numa proporção de cinco para 20.
O que nos impressionou naquela escola (Santiago Molina já a conhecia e, por isso, até problematizava as suas vantagens e inconvenientes) foi que a filosofia de base do trabalho sócio-escolar não é adaptar as crianças com necessidades educativas especiais (NEE) ao trabalho das crianças normais – como ocorre nas escolas em geral, em Portugal, e, mesmo, na Escola da Ponte, em S. Tomé de Negrelos – Vila das Aves, apesar da originalidade desta, mas, antes, integrar as crianças normais nos processos de trabalho necessários às crianças com NEE e, assim, construir e reconstruir um currículo escolar baseado nas necessidades dos alunos com problemas, nos seus ritmos de trabalho e no trabalho de projecto.
Os professores discutem com os alunos os projectos a desenvolver, tornando os objectivos claros, ajudam-nos a estruturar e a organizar materiais de estudo e de trabalho e, depois, a actividade escolar desenvolve-se em regime cooperativo e em autonomia do trabalho dos alunos, com momentos diários de análise do trabalho realizado e de reorientação do mesmo, caso necessário.
A arte, a actividade físico-motora e a educação musical desempenham um papel fundamental na actividade escolar. Muitas das actividades escolares decorrem ao som de música quando esta não perturba as crianças autistas. Para estas, a prática educativa não é pensada numa perspectiva de integração forçada. Antes se procura criar condições para que sejam elas a necessitar de interagir com as outras e respeitar o seu silêncio quando elas dele necessitam.
O Pelouro é uma escolar invulgar, mais avançada do que a nossa Escola da Ponte, iniciada em 1976. Talvez tenha sido ali, numa visita realizada em 1974, que o mestre fundador desta escola, o professor José Pacheco, foi beber a inspiração para semear, através da Escola da Ponte, a revolução pedagógica em Portugal. Outras revoluções passaram também por ali, como a portuguesa de 1974 e a espanhola de 1976.
O Pelouro é, de facto, uma escola diferente, impressionante pela sua simplicidade e harmonia social, notável pela inclusão e integração das crianças com NEE e radical nos seus princípios pedagógicos.O Pelouro não está, porém, na linha da escola livre de Summerhill, na Escócia. É uma escola democrática, é certo, mas a democracia só abrange os modos de aprender e de viver social e não todos e quaisquer conteúdos do currículo. Pedagogicamente, é uma escola híbrida, onde interactuam muitos métodos, sobretudo os de Dewey, Kilcpatrick, Freud e Erikson, Freinet, Piaget, Ausubel, Taba e Bronfenbrenner.
Porém, há que garantir o futuro tanto de O Pelouro como da Escola da Ponte para lá dos seus criadores. Um desafio a que não sobreviveram nem a Escola de Summerhill nem a Escola Freinet, entre outras. Compete-nos a nós todos, profissionais da educação, não deixar morrer nem o sonho nem a esperança numa escola melhor. Por isso, visitem e ajudem O Pelouro.
mail:
Henrique da Costa Ferreira
Diário de Trás-os-Montes
Portugal


Comentando...

Percebemos que há uma preocupação de instituições de ensino em, integrar alunos portadores de necessidades especiais em escola regular, muito antes da chamanda "Declaração de Salamanca, 1994" cujos princípios abrange o compromisso para com a Educação para Todos, apoiando a Linha de Ação para as Necessidades na Educação Especial, refletida em disposições e recomendações que deve orientar organizações e governo. Hoje, se faz necessário a busca de conhecimentos do profissional em educação nessa área e mudança de postura em independente ou não do corpo discente que temos.

Postado por: Walquíria M. de Araújo

Fonte:


http://ensinandoeaprendendoemsaladerecursos.blogspot.com/2008/07/o-pelouro-uma-escola-pioneira.html

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