domingo, 13 de julho de 2008

O REINADO DO SOL: DESCREVENDO O INDESCRITÍVEL


O REINADO DO SOL: DESCREVENDO O INDESCRITÍVEL


Flávio Roberto Tavares de Melo, artista nascido na capital paraibana, é o autor da brilhante obra “O Reinado do Sol”, exposto no hall de entrada do auditório da Estação Ciência, Artes e Cultura localizada no Município de João Pessoa – PB.

Difícil descrever algo tão belo. E tal beleza, cumpre ressaltar, remete-me ao berço da busca pela perfeição artística, emanada da Grécia Antiga.

Desta feita, considerando a indelével dificuldade de descrever algo tão complexamente belo, prefiro reportar o texto, doravante, à primeira pessoa, eis que terei, certamente, maior facilidade para exteriorizar a imagem que se encontra eternizada em minha mente desde a primeira vez que a vi, na visita realizada em 10 de julho de 2008 na aula de História da Arte I, ministrada pelo brilhante Silvino Espínola, professor da Universidade Federal da Paraíba.

Entrei no auditório da Estação Ciência e a obra, em minha frente, causou-me, de logo, um grandioso impacto. Antes mesmo de passar a refletir sobre a mesma, escuto as vozes de 02 (dois) senhores que se encontravam ao meu lado. Não olhei para os mesmos, eis que a tela de Flávio Tavares tomava, naquele momento, toda a minha atenção. Ouvi, de repente, o seguinte e curto diálogo:

- Esse quadro ta representando o quê?

- Não sei. Só sei que tem de tudo aí!

Pensei comigo mesmo: ele está correto! A despeito da aparente falta de conhecimento artístico, histórico e cultural, o não identificado indivíduo estava coberto de razão. Realmente, tinha de tudo ali!

Um misto de história e fantasia.

A grande Nau, no centro do Reinado do Sol, sob a capitania do mestre Ariano Suassuna. Eventos culturais festivos (a exemplo dos carnavais e das danças indígenas). Exploração colonizadora ao lado da pregação religiosa jesuítica. Índios em momentos de sofrimento e paz. Diversas personalidades ligadas à cultura e à história: José Lins do Rego, Augusto dos Anjos, Vassoura (Isabel Bandeira) montada em seu cavalo branco, Manuel Caixa D’água caminhando em ruas com climas boêmios, dentre outros. Um banquete antropofágico, alusão ao grandioso Oswald de Andrade. Ênfase no verde das árvores e matas. Presença da fauna. Evidencia do religioso. Pontos históricos eternizados (Ponto Mais Oriental das Américas, Lagoa do Parque Solon de Lucena, Casa da Fazenda Boi Só, Igreja São Francisco e outros mais). Cavaleiros apocalípticos, dragões cuspindo fogo e anjos com lança.

Tudo retratado com imperiosa poética e lirismo em óleo sobre tela dividida em 05 (cinco) blocos, totalizando 09 (nove) metros de comprimento e 03 (três) metros de altura, emanados de inúmeros esboços que também puderam ser vislumbrados noutro ponto da Estação Ciência, Cultura e Arte.

Grandiosidade egípcia aliada ao belo grego.

Ah! Eu não podia esquecer de mencionar, ao final, que também vi uma belíssima obra do arquiteto Oscar Niemayer. Mas o quadro de Flávio Tavares...
Parabéns, Flávio Tavares!
Carlos Nazareno Pereira de Oliveira

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