
1973
nanquim sobre papel 48 x 33 cm
coleção Escolinha de Arte do Recife
Gil Vicente
http://www.gilvicente.com.br/percurso/percurso_cronologia.html
Vimos na última aula da disciplina, História do Ensino das Artes Visuais, a fase das Escolinhas de Artes. Uma iniciativa interessante, tendo como um dos seus idealizadores o artista pernambucano, Augusto Rodrigues.
Digo interessante porque tinham uma visão mais aberta sobre a arte (incluíram nas suas atividades elementos da arte popular e do folclore) e viam a criança como o elemento principal para o desenvolvimento de suas atividades (todo o processo de criação era observado e analisado. A criança era estimulada a se expressar.).
Todo esse ideal ganhou força e conseguiu se expandir pelo país (tendo o apoio de vários educadores "importantes" da época). Mas vendo a lista desses incentivadores, me veio uma pergunta: como era esse apoio?
Achei uma reportagem do Jornal do Commercio (PE), de 1999, que trazia para a comunidade as dificuldades financeiras da Escolinha de Arte do Recife. Desejando conseguir recursos para uma revitalização da escolinha, fizeram um leilão de obras de artes de artistas consagrados. Também planejavam ampliar a área de atuação para conseguir melhorara a renda.
Por que trago essas informações aqui?
Falar sobre arte é bom! Ver obras de arte é ótimo! Mas seria muito bom, e acredito que isso não tiraria a criatividade de ninguém, pensar também em como captar recursos para financiar a arte. Lembrei de uma entrevista que assisti, dada por um dos instrutores do SEBRAE. Ele dizia que era muito importante que os artesões pensassem como empreendedores. Porque tudo tem um custo e eles precisam de um retorno financeiro. E é verdade. Muitas pessoas têm uma visão romântica da arte e esquecem que tinta, papel, grafites, telas e etc. custam dinheiro. Talvez muitos não pensavam nisso porque eram abonados e o que interessava, apenas, era o deleite do fazer arte.
Contudo, quando penso em idéias como a da Escolinha de Artes - a de desenvolver a capacidade criadora de crianças; quando penso em fazer um trabalho voluntário com arte - numa comunidade carente; quando penso em ser professora - de escolas da rede pública, vem logo a questão: como captar recursos financeiros para se fazer um trabalho sério, digno, contínuo... Esse é um desafio enorme. Conheço gente que mal tem dinheiro para se manter, mas tira, da sua própria renda, o possível para comprar material para fazer trabalhos com seus alunos.
Chega de achar que mexer com arte é ter a cabeça nas nuvens ou viver de "arranjadinhos". Acredito que trabalhar com arte é ter a cabeça livre, sim, mas com os pés no chão - bem ciente do lugar no qual está pisando e organizando estratégias para continuar seguindo a estrada.
Trabalhar com arte é também ter um senso administrativo.
Postado por: Sandra Valéria
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